Entidades denunciam violência policial, prisão de estudantes e ataques à liberdade de imprensa, exigindo responsabilização e intervenção internacional.
Em uma conferência de imprensa conjunta, a Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH), o Sindicato de Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social (SINJOTECS), a Ordem dos Jornalistas e a Federação das Associações de Estudantes do Ensino Secundário da Guiné-Bissau (FAEESE-GB) condenaram veementemente os recentes episódios de violência contra jornalistas e estudantes no país.
O presidente da FAEESE-GB, Domingos Augustinho Fanda, destacou o caso do estudante Samuel, detido pelo Ministério da Defesa enquanto entregava uma carta para informar sobre uma vigília planejada em frente ao Ministério da Educação. Segundo Fanda, seis estudantes permanecem detidos na Segunda Esquadra desde ontem, sem qualquer informação sobre o estado de saúde deles. Ele exigiu a libertação imediata dos detidos e a garantia dos direitos fundamentais dos estudantes.
Indira Correia Baldé, presidente do SINJOTECS, alertou que "sem liberdade não há democracia" e enfatizou que os jornalistas devem ser livres para exercer suas funções. “Sabemos que a democracia está doente. Estamos assistindo a assédios judiciais contra jornalistas. As forças de ordem, que vivem do trabalho da imprensa, deveriam protegê-los, não atacá-los", afirmou. Baldé também pediu atenção de organizações internacionais para a situação preocupante no país e exortou o Ministério da Comunicação Social a agir com firmeza.
Em tom crítico, António Nhaga, bastonário da Ordem dos Jornalistas, afirmou que as ações atuais indicam uma tentativa deliberada de silenciar a imprensa. Ele alertou que, com a aproximação das eleições, os riscos para os jornalistas podem aumentar drasticamente. “Pode chegar ao ponto de tirarem a vida dos jornalistas. A união da classe é fundamental para resistirmos. Não podemos nos intimidar, pois a verdade é essencial para o nosso trabalho”, declarou.
O presidente em exercício da LGDH condenou o uso de violência pelas forças policiais contra jornalistas durante a cobertura de manifestações e repudiou a prisão arbitrária dos seis estudantes. Ele responsabilizou diretamente o Presidente da República pelos espancamentos e pela escalada de repressão contra os direitos humanos.
As organizações presentes na conferência pediram ação imediata das autoridades nacionais e vigilância das instituições internacionais, reforçando a necessidade de garantir a liberdade de expressão e o respeito pelos direitos fundamentais na Guiné-Bissau.
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