Presidente da Guiné-Bissau acusa líder parlamentar de golpe

Crise institucional se intensifica com acusações mútuas entre o Presidente Umaro Sissoco Embalo e líderes da oposição, enquanto as tensões políticas persistem no país africano. Em declarações proferidas nesta quarta-feira a diversos meios de comunicação, incluindo o canal televisivo France 24 e a RFI, o Presidente guineense Umaro Sissoco Embalo fez referência a uma suposta tentativa de golpe de Estado desencadeada no início de dezembro. Acusou de forma incisiva o Presidente da Assembleia Nacional Popular e líder do PAIGC pelo ocorrido, alegando seu envolvimento direto nos eventos.
Em resposta, Domingos Simões Pereira, em entrevista à RFI, negou categoricamente qualquer participação nos acontecimentos em questão. Simões Pereira acusou Umaro Sissoco Embalo de fabricar uma crise política com o intuito de dissolver o Parlamento, contestando ainda a possibilidade de ser convocado pelo Ministério Público sem ter sido notificado anteriormente. "Neste momento em que conversamos, não tenho conhecimento de qualquer notificação. O que se divulga lá fora é que serei ouvido amanhã, mas até o momento não recebi nenhuma comunicação formal sobre o assunto", afirmou Domingos Simões Pereira. O líder opositor criticou veementemente a atuação do Presidente Embalo, alegando que este se envolveu de maneira irresponsável ao silenciar instituições e tomar decisões unilaterais. Segundo Simões Pereira, a crise política foi uma encenação do Presidente Embalo para justificar a dissolução do Parlamento. "Todo este cenário foi montado, orquestrado e está sendo executado pelo Presidente Umaro Sissoco Embalo", declarou Domingos Simões Pereira. Este conflito político se aprofunda com Simões Pereira reiterando seu distanciamento das ações que atentem contra a soberania do país. Ele demandou provas das acusações do Presidente e criticou a transferência de responsabilidades políticas para o Ministério Público, órgão que, segundo ele, está sob a nomeação do Presidente. Em referência à Constituição guineense, Simões Pereira apontou normas que, segundo ele, invalidam qualquer ação para dissolver o Parlamento no atual contexto político. Argumentou que o Presidente Embalo estaria tentando eliminar a oposição política visando a governar por tempo indeterminado. Este impasse político ganha contornos mais complexos, enquanto as tensões aumentam na Guiné-Bissau. A comunidade internacional, especialmente a CEDEAO (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental), é convocada a intervir e defender a estabilidade democrática do país. Simões Pereira destaca a importância da cimeira da CEDEAO em Abuja como uma oportunidade crucial para esclarecer as alegações de violência e tomar uma posição clara diante dos recentes acontecimentos. Ele também reitera a influência de Portugal na realidade política da Guiné-Bissau, apelando para que não haja manipulação indevida das relações institucionais entre os países.

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